Pretende implantar a estrutura de cargos e salários da sua empresa? Já pensou na sua comunicação?

Implantar um sistema que atingirá diretamente a vida profissional de uma pessoa, podendo afetar seus ganhos, sua posição dentro da empresa, etc., requer um tratamento técnico e político impecável.  Uma ampla e cuidadosa divulgação em todos os níveis assegurará a necessária confiança e apoio que o trabalho requer para sua satisfatória conclusão.

 

À cúpula solicitamos o aval, imprescindível para a aceitação do plano entre os escalões inferiores, e vencer resistências, principalmente nas empresas onde se busca uma reformulação ou onde projetos semelhantes fracassaram.  Cabendo a ela vender um produto, nada mais justo que conhecê-lo e certificar-se dos resultados esperados, apenas que o teor das informações deve ser diferente: mais técnico, conjuntural e econômico.  Neste caso, algumas reuniões com projeção audiovisual nas quais a situação atual possa ser dramatizada, comparações com o mercado serem feitas, indicação de injustiças internas, ausência de critérios para avaliação, alta rotatividade, dificuldades para recrutar, é um bom prólogo para a exposição do plano.

 

Aos demais funcionários da empresa a divulgação passa a ser mais operacional, embora não se descarte o caráter informativo da mesma. É claro que não será conveniente expor publicamente a situação da empresa frente ao mercado (principalmente se não lhe for favorável) a exemplo do que sugerimos para a cúpula; internamente, o aspecto informativo deve ater-se à necessidade de estruturar a empresa, organizar a política de pessoal, definir critérios, etc. evitando-se sempre a menção da palavra “salários” ou então posicioná-la discretamente na lista de prioridades que acompanha os objetivos da implantação.

 

Independente do momento econômico, do país ou da empresa, a implantação de um trabalho desta monta sempre pode levar a conclusões precipitadas, inevitavelmente danosas para o objetivo proposto, frustrando o resultado final. Num momento econômico positivo a iniciativa da empresa na implantação de uma estrutura de remuneração só pode levar os funcionários a imaginar a concessão de ajustes salariais generosos; num momento ruim, ao deter-se sobre descrições e análises de cargos, avaliação do mercado, etc. a empresa pode sugerir preocupação com custos e redução de quadro de pessoal, por exemplo.

 

Daí a importância de uma boa comunicação!

 

Transposta a etapa informativa da divulgação passamos para seu aspecto didático, ou seja, como cada funcionário deve participar do processo.  Aqui lhe serão prestadas informações de como preencher os formulários solicitados, como deve recepcionar o Analista e como ele será avaliado, evitando uma inversão de valores por parte do funcionário, desinformação e boatos que podem comprometer o trabalho.  Todos nós gostamos de ser avaliados, buscamos um reconhecimento por parte de outrem e queremos saber os resultados; nada mais normal que se forme uma expectativa em torno do trabalho e quanto menos nebuloso este se apresentar maior será sua aceitação.

 

Combinada a iniciativa da divulgação aos funcionários, resta-nos decidir sobre os meios.

 

Assim como seria impraticável reunirmos, no pátio da empresa, todos os funcionários e de um palanque anunciarmos o plano, seria perigoso divulgá-lo através de sucessivas reuniões, partindo-se da cúpula, isto é, os Diretores reúnem-se com os Gerentes, estes com os Supervisores, estes com os Líderes, etc. até a comunicação final para os próprios funcionários.  Não necessitaria sermos técnicos em comunicação para anteciparmos a série de distorções que o texto original sofreria.

 

Um avanço na proposta acima seria, como 2ª. opção, a comunicação interna escrita através da Intranet ou Murais. Seria mais abrangente, todos teriam acesso à mesma informação mas pode apresentar 2 problemas: resumir toda a comunicação do processo em 2 páginas, no máximo, além de exigir leitura que, dependendo do público-alvo, pode apresentar um resultado inócuo.

 

Em havendo recursos e para manter coeso o núcleo da informação, abranger de forma ampla e uniforme o universo a ser atingido e ainda propiciar uma pequena dose de motivação ou curiosidade em torno do projeto, sugerimos uma 3ª. opção:  a distribuição de livretos ou panfletos nos moldes de histórias em quadrinhos que, ilustrados e em linguagem acessível, seriam incumbidos de divulgar o trabalho que se inicia. Sob forma de encarte, cada livreto conteria o formulário a ser preenchido pelo próprio funcionário, iniciando-se as etapas da implantação pelo levantamento do cargo.

 

 

Por último, uma boa opção, econômica, porém exaustiva, poderia estabelecer o agendamento de reuniões com pequenos grupos (até 50 pessoas) possibilitando a todos os funcionários o acesso às informações diretas da “fonte” além da possibilidade de discutir ou sanar diretamente eventuais dúvidas. Embora desgastante para o apresentador, essa forma apresenta uma vantagem política: a demonstração, por parte da empresa, da importância do projeto e respeito aos funcionários pois optou pelo contato direto, sem intermediários. Num momento sensível que antecede a implantação do projeto essa última abordagem merece uma atenção especial.

 

 

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São Paulo, 2017

 

José Francisco D´Annibale

 

Sócio-Diretor da R$EMUNERA Consultoria em RH Ltda.

 

Professor universitário INPG – Módulo de Cargos e Salários – MBA em Gestão de Pessoas